Seria um modo do Espirito Santo não aceitar a renúncia.
Nos EUA há gente pedindo isto
Um sábio comentarista que entende tudo de história... |
Favorito até o momento para o Conclave, o cardeal arcebispo de Milão, Angelo Scola, começa a encontrar resistências de cardeais de setores mais moderados da Igreja. Vários bispos demonstram preocupação pelo fato de Scola ser ligado a um grupo poderoso da Igreja Católica, denominado Comunhão e Libertação.É o famoso favoritismo PND. O vários ali deve ser uns dois ou três.
“O Papa não pode ser de um grupo da Igreja, tem que representar toda a Igreja. O grande problema desses grupos é que eles buscam o poder interno. Esses grupos, como o Comunhão e Libertação e a Opus Dei, funcionam como partidos políticos dentro da Igreja”, relatou ao blog um arcebispo.Um arcebispo relatou ao blog que a Comunhão e Libertação e o Opus Dei são como partidos políticos. Sei... E o Papa não poderia vir das fileiras de um movimento ou instituição da Igreja porque tem que representar toda a Igreja segundo sua insalência.
Cresce a pressão de cardeais de todo o mundo para antecipar o Conclave. Em carta ao secretário de Estado e Camerlengo, Tarcísio Bertone, um purpurado brasileiro argumentou que se o Conclave for mantido para 15 de março, muitos cardeais teriam que retornar para suas arquidioceses.Imagino que o pessoal está com coisas muito mais importantes para fazer que o conclave. Coisas como organizar eventos, falar da campanha da fraternidade, etc.
“Ninguém quer voltar. Todo mundo quer aproveitar a viagem para acompanhar a renúncia do Papa Bento XVI e já ficar para o Conclave”, explicou um cardeal, em conversa com o Blog. “Repetir uma viagem à Roma é muito cansativo num curto espaço de tempo”, reforçou.Como diria o capitão Nascimento: o senhor é um fanfarrão. Imagine no século XV quando os cardeais iam para lá no lombo de um burro. Viajar de classe executiva dá para aguentar senhor cardeal anônimo.
A tendência é de antecipação do Conclave. Mas neste momento, o grande esforço é de restringir os nomes dos favoritos para a sucessão de Bento XVI para evitar um Conclave demorado e com muitas disputas.Note que Bento XVI ainda não renunciou e "neguinho" já está repartindo o butim. Quero ver a cara dos cardeais se Bento XVI chega no dia 28, dá um tapa na mesa e fala: "quem manda nesta .... aqui sou eu".
Imagem meramente ilustrativa... |
Análise: Alemão é brilhante como teólogo, mas fracassou como papa
Joseph Ratzinger é um dos maiores teólogos vivos do cristianismo. Como papa Bento 16, fracassou.
Conservador, um tanto liberal no começo de sua carreira, Bento 16 iniciou seu papado com um projeto, já em curso quando era a eminência parda intelectual de João Paulo 2º, de pôr "medida" na herança do Concílio Vaticano 2º, verdadeira "revolução liberal" na Igreja Católica.
Já nos anos 80 atacava a teologia da libertação latino-americana por considerá-la certa quanto ao carisma profético bíblico de procurar justiça no mundo, mas errada quanto a assumir o marxismo como ferramenta de realização desta justiça.
Bento 16 foi um duro crítico da ideia de que a igreja deva aceitar soluções modernas para problemas modernos.
Nesse sentido, apesar de ter resistido bravamente, com a idade e a fraqueza que esta implica, acabou por ser um papa acuado pelas demandas modernas feitas à igreja e por uma incapacidade de pôr em marcha sua "infantaria", que nunca aceitou plenamente seu perfil de intelectual alemão eurocêntrico.
Sua ideia de igreja é a de um pequeno grupo coeso de crentes, fiéis ao magistério da igreja (conjunto de normas para condução moral da vida), distante das "modas moderninhas".
Quais seriam algumas dessas demandas modernas? Diálogo simétrico com outros credos (multiculturalismo), casamento gay, divórcio, sacerdócio das mulheres, fim do celibato, uso de contraceptivos, aborto, punição pública de padres pedófilos (a igreja deveria passar esses padres para a Justiça comum), aceitação de avanços da medicina pré-natal como identificação de fetos sem cérebro e consequente aborto, alinhamento político do clero com causas sociais e políticas do terceiro mundo --enfim, desafios típicos do contemporâneo.Bento 16 esbarrou com o fato de que a maior parte dos católicos militantes hoje é de países pobres (afora o caso dos EUA, o cristianismo é uma religião de país pobre).
Os fiéis, portanto, estão mais próximos de um discurso contaminado pelas teorias políticas de esquerda, que fala de justiça social como um direito "divino" e aproxima Jesus de Che Guevara, do que da complicada discussão acerca dos excessos do iluminismo racionalista ou da crítica bíblica que tende a humanizar Cristo excessivamente em detrimento de sua divindade.
Seu próprio clero (sua "infantaria") ajudou no fracasso de seu papado, resistindo sistematicamente à "romanização da igreja", o que em jargão técnico significa centralização das decisões relativas ao cotidiano da instituição na lenta burocracia do Vaticano, com sua típica alienação europeia, distante do "caos" do mundo real do Terceiro Mundo. O Vaticano é muito europeu, inclusive em sua decadência como referência para o mundo no século 21.
Mas há dimensões que transcendem as dificuldades específicas de seu projeto conservador e tocam dificuldades da Igreja Católica contemporânea como um todo.A igreja hoje tem um sério problema de formação de quadros. Antes era "um bom negócio" entrar para a igreja; hoje, quem o faz, salvo casos de grande vocação mística e espiritual ou de revolta contra as ditas "injustiças sociais", é muitas vezes gente sem muita opção de vida.
Quando não, tal como é visto por parte da população secular, gente com desvios sexuais graves.
Os cursos de formação do clero, quando não totalmente contaminados pelos próprios teóricos que João Paulo 2º chamava em sua encíclica "Fides et Ratio" ("Fé e Razão") de "pensadores da suspeita" contra a fé e a razão (Marx, Nietzsche, Freud, Foucault), são fracos, com professores mal formados e conteúdos vazios. Claro que existem exceções, que, como sempre, em sendo exceções, confirmam a regra.
Enfim, o papado de Bento 16 fracassou, em grande parte, em razão do fogo amigo: sua própria infantaria.
A Igreja Católica agoniza diante de um mundo que cada vez é mais opaco para quem pensa, como ela, que a vida seja algo mais do que conforto, prazer e liberdade pra transar com quem quisermos e quando quisermos.